Livro: Androides sonham com ovelhas elétricas?
Autor: Philip K. Dick
Editora: Aleph
ISBN: 9788576571605
Ano: 2014
Páginas: 272
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Sinopse:
O livro que deu origem ao filme Blade Runner. Rick Deckard é um caçador de recompensas. Ao contrário da maioria da população que sobreviveu à guerra atômica, não emigrou para as colônias interplanetárias após a devastação da Terra, permanecendo numa San Francisco decadente, coberta pela poeira radioativa que dizimou inúmeras espécies de animais e plantas. Na tentativa de trazer algum alento e sentido à sua existência, Deckard busca melhorar seu padrão de vida até que finalmente consiga substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal verdadeiro; um sonho de consumo que vai além de sua condição financeira. Um novo trabalho parece ser o ponto de virada para Rick - perseguir seis androides fugitivos e aposentá-los. Mas suas convicções podem mudar quando percebe que a linha que separa o real do fabricado não é mais tão nítida como ele acreditava. Em 'Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?' Philip K. Dick cria uma atmosfera sombria e perturbadora para contar uma história impressionante, e, claro, abordar questões filosóficas profundas sobre a natureza da vida, da religião, da tecnologia e da própria condição humana.
Resenha:
Androides sonham com ovelhas elétricas?é um livro que eu gostaria de ter lido durante a faculdade, pois geraria excelentes trabalhos. Infelizmente, nenhum dos meus professores mencionou essa obra. Porém, tive a felicidade de conhecê-la através da editora Aleph e só digo uma coisa: você necessita ler este livro.
Não farei um breve resumo da obra, pois a sinopse elaborada pela editora está muito completa. Qualquer informação que eu venha a passar nada mais será que repetição do que já foi dito. Desta forma, vou focar apenas em analisar o livro. E afirmo-lhe, com toda segurança, você vai se apaixonar.
Philip K. Dick já consegue chamar a atenção para a sua obra com um nome no mínimo incomum. Porém, não apenas o nome do livro é inovador, mas também seu enredo. Em uma mistura de distopia e ficção científica, o autor narra a vida de Rick Deckard, um caçador de androides, após a grande guerra mundial.
“– Se você escolher – disse Iran, agora de olhos abertos e atentos – ficar mais agressivo, vou fazer a mesma coisa. Vou regular isso no máximo e você vai ter uma discussão que fará cada briguinha que tivemos até agora parecer coisa de criança. Vai, escolhe isso para ver; tenta. – Ela se levantou rapidamente, saltando sobre o console de seu próprio sintetizador de ânimo e parou, encarando-o, esperando” (p. 16).
A maior parte da população foi extinta; do restante, a grande maioria foi viver em acampamentos em planetas próximos. Os que ficaram na Terra batalham diariamente pela vida, seja pela terra infértil, seja pela poeira tóxica que paira no ar e deforma a muitos.
Neste cenário, onde boa parte dos animais já morreu, reina a desolação, a destruição e o sentimento de solidão. Com poucas pessoas por perto e com algumas idiotizadas por causa da radiação, os humanos procuram ter animais para alegrar seus dias. Porém, animais se tornaram artigos raros e alguns custam mais de dezenas de dólares.
Para apaziguar a sua solidão, Rick recorre a um animal elétrico. Parece algo surreal, mas é exatamente isso que o autor quer abordar. Diante desse cenário, ele faz uma análise profunda de como os humanos necessitam um dos outros para que sobrevivam. Quanto mais sozinho o homem se torna, mais doente mentalmente ele fica.
“O Nexus-6 realmente tinha 2 trilhões de componentes, além da faculdade de escolher entre dez milhões de combinações possíveis em sua atividade cerebral. Em 45 centésimos de segundo, um androide equipado com uma estrutura cerebral dessas poderia assumir qualquer uma das quatorze reações e posturas básicas. Bom, nenhum teste de inteligência pegaria um andy desses” (p. 40).
Para suprir suas necessidades emocionais, cria-se um sintetizador de ânimo, onde, através de ondas enviadas diretamente para o seu cérebro, você pode escolher seu humor. As pessoas, sem motivos para serem felizes, se tornam alegres artificialmente.
A sociedade, no livro, também criou androides com o objetivo de terem servos e também companheiros. Os androides são imitações perfeitas humanas, chegando a ser impossível descobrir quem é um robô ou um humano. A única diferença entre o orgânico e o sintético é que o último não consegue expressar empatia, uma característica tipicamente humana.
Outra característica interessante é que muitos androides possuem memórias falsas, chegando a pensar que são humanos. Por sua vez, o nosso próprio protagonista chega a uma confusão mental tão grande que começamos a nos questionar se ele é realmente um humano ou um androide iludido.
“Um farmacêutico em Marte, ele leu. Ou pelo menos o androide tinha usado essa fachada. Na verdade, ele deveria ter sido um operário, um trabalhador rural, com aspirações a algo melhor. Androides sonham?, Rick se perguntou. Evidentemente; é por isso que de vez em quando eles matam seus patrões e fogem para cá. Uma vida melhor, sem servidão” (p. 177).
Dick constrói um livro baseado no ser ou não ser. Há uma dicotomia constante entre o animal verdadeiro e o elétrico, o homem e o androide, a felicidade verdadeira e a induzida. O verdadeiro e o falso se misturam de tal maneira que, muitas vezes, é impossível distinguir o que é verdadeiro e o que é falso.
Não obstante a profundidade da obra, a escrita é totalmente fluída e o mistério permeia muitas partes dela, tornando a leitura rápida e contagiante. A cada página lida você quer ler mais dez, em um ritmo alucinante. A diagramação que é bem confortável também ajuda na velocidade da leitura da obra.
Não preciso nem dizer, depois dessa enorme e apaixonada resenha, que o livro se tornou um dos meus favoritos. Certamente vou reler a obra algumas vezes ainda, indicarei para meus alunos, amigos e claro, para vocês. Quem gosta de distopia vai amar o livro; quem gosta de ficção científica vai adorar. Sem dúvida, esse é o livro que falta na sua estante.