Título:Os Sete
Autor:André Vianco
Editora:Aleph
ISBN:9788576573388
Ano:2016
Páginas:432
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Sinopse:
Nobres homens de bem, jamais ouseis profanar este túmulo maldito. Aqui estão sepultados demônios viciados no mal e aqui devem permanecer eternamente. Que o Santo Deus e o Santo Papa vos protejam. Uma caravela portuguesa naufragada com mais de 500 anos é descoberta no litoral brasileiro. Dentro dela, uma estranha caixa de prata lacrada esconde um segredo. Apesar do aviso grafado, com a recomendação de não abri-la, a equipe de mergulhadores que a descobriu decide seguir em frente, e encontra sete cadáveres. Esses corpos misteriosos e cadavéricos são levados para estudos e tudo parece estar sob controle até o despertar do primeiro deles. Em Os Sete, André Vianco atualiza o mito dos Vampiros, apresentando ao leitor seres poderosos, cada um com uma característica única, mas todos com natureza monstruosa e sanguinária. O resultado é um livro envolvente, repleto de ação e reviravoltas, que em pouco tempo ocupou seu merecido lugar entre os mais importantes livros de terror e fantasia brasileiros.
Resenha:
Tiago, César e Olavo são amigos e possuem em comum a prática do mergulho. Mais do que um hobby, muitas vezes eles ganham algum dinheiro descobrindo antiguidades no mar. Num desses mergulhos, eles acabam encontrando uma caravela portuguesa naufragada; a agitação entre eles torna-se evidente, e eles começam a imaginar o que podem encontrar de valor dentro desse grandioso achado.
Após alguma organização, mergulham novamente e retiram alguns bens preciosos, principalmente moedas. Porém, o que chama a atenção é uma grande caixa de prata que é impossível de abrir ou arrastar. A curiosidade é grande, mas lhe faltam meios de desbravar aquele objeto. Para tal, solicitam a ajuda de uma universidade, vendendo a localização da caravela e recebendo participação em possíveis lucros.
Após muito esforço conjunto, a caixa de prata é retirada do fundo do mar. Dentro, sete múmias, todas razoavelmente bem conservadas. Contudo, coisas estranhas começam a acontecer com os corpos e com o lugar. A primeira delas é um frio congelante, que começa a incomodar a todos que estão no local. Sem explicações lógicas, tudo parece indicar para os corpos resgatados no fundo do mar. Seriam mesmo aquelas múmias de demônios, como a caixa de prata anunciava?
Partindo dessa premissa, Vianco faz uma boa reelaboração do mito dos vampiros. Dando características novas a esses seres, novos poderes e muita vontade de matar. Aliás, esse é o ponto alto do livro: os sete. Eles são bem construídos, aprofundados e conseguimos visualizá-los durante a leitura. Suas características individuais são bem trabalhadas, tornando cada um deles único. Isso faz com que a trama seja interessante. Por outro lado, falta um trabalho mais profundo e inteligente nos protagonistas humanos. É meio inconcebível e algumas situações que eles se metem, ainda mais sabendo que estão enfrentando seres tão poderosos.
Outro ponto do livro que merece ser destacado são as descrições; Vianco aposta nelas para ambientar melhor o leitor durante o enredo. Contudo, isso tem dois efeitos: um positivo e um negativo. O efeito bom é que a obra realmente fica densa, melhor amarrada – apesar de algumas pontas soltas aqui e ali, talvez por inexperiência do autor na época –, porém, por outro lado, em alguns momentos, a leitura parece bem arrastada, necessitando de esforço para continuar a leitura. Geralmente, o esforço é compensando por boas cenas posteriores, porém, isso pode incomodar o leitor mais impaciente.
A escrita do autor, por sua vez, é boa, mas ainda não é perfeita, mostrando indícios de que esse livro é realmente do começo da carreira. Ainda assim, apesar de uma falha e outra, já desponta um talento claro, o que imagino ter sido muito bem lapidado posteriormente, visto a legião de fãs que Vianco conquistou ao longo dos anos. Esses pequenos pontos ficam mais evidentes em algumas atitudes tomadas por personagens, que parecem não casar bem com o enredo, assim com a escolha de alguns elementos que parecem deslocados.
Contudo, apesar das pequenas falhas, algo perdoável para um primeiro trabalho, o livro consegue alcançar o seu objetivo, que é a reformulação do mito do vampiro, criar uma trama com um ar de novidade e, principalmente, conseguir envolver o leitor na maior parte do tempo.
Quanto à parte física, não há o que reclamar. A Aleph providenciou, de longe, a melhor edição de todas para esse livro. A capa é belíssima e já dá uma ideia do que iremos encontrar na obra. A diagramação está confortável e simples, mas elegante, com algumas páginas pretas dando um charme. A revisão, por sua vez, está ótima.
Em suma, apesar de não ser um livro perfeito, Os Sete se mostra uma boa obra, com vampiros realmente interessantes e com uma pegada forte. Recomendo.
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