Quantcast
Channel: Desbravador de Mundos
Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532

Resenha: A Cidade Sinistra dos Corvos

$
0
0
Título: A Cidade Sinistra dos Corvos
Autor: Lemony Snicket
Editora: Seguinte
ISBN: 9788535903928
Ano: 2016
Páginas: 232
Compre: Aqui

Sinopse:

Os irmãos Baudelaire não conseguem acreditar no que lêem na primeira página do jornal. Uma reportagem informa que o pérfido Conde Olaf raptou não apenas os irmãos Duncan e Isadora Quagmire, mas também Esmé Squalor. O texto não poderia ser mais enganoso: Esmé tinha sido tutora das crianças recentemente, e os Baudelaire sabem muito bem que o Conde Olaf nunca a seqüestraria. Olaf e Esmé são na verdade aliados num plano maligno para se apropriar da fortuna das três crianças.
Violet, catorze anos, é a mais velha dos irmãos Baudelaire, os órfãos mais desafortunados do mundo. Klaus, o irmão do meio, tem treze anos e já leu mais livros do que qualquer criança de sua idade. Sunny, a mais nova, é um bebê pouco maior do que uma melancia. Assim como os irmãos Duncan e Isadora, as crianças Baudelaire perderam os pais num incêndio, e a amizade com os Quagmire era praticamente o único acontecimento feliz que havia acontecido nas suas vidas desde que ficaram órfãos.
Nessa nova desventura eles terão de se haver com mais uma providência desastrada do sr. Poe, um executivo de banco que tinha sido o primeiro tutor dos Baudelaire e ainda cuidava da fortuna dos irmãos. O sr. Poe decide inscrevê-los num programa de adoção de menores, em que toda uma cidade se responsabiliza por crianças que tenham perdido os pais. O programa tem um slogan amedrontador: 'É preciso uma cidade para educar uma criança'. Violet, Klaus e Sunny são mandados para a apavorante cidade de C.S.C. e assim tem início mais um lamentável episódio da tenebrosa existência dos Baudelaire.

Resenhas anteriores:

Resenha:

Mais uma vez aqui estou para relatar como foi a mais nova desventuras dos irmãos Baudelaire, e eu recomendo que não leiam, suas esperanças vão se destruir com as adversidades enfrentadas pelos órfãos. Snicket, culpo você por me fazer ficar cativada e presa a essas desventuras. Se espera encontrar algo feliz, é melhor procurar outro livro. Quer saber o porquê? Confira abaixo.

“[..] Se você insistir em ler este livro em vez de ler alguma coisa mais alegre, muito certamente  ficará gemendo de desespero em vez de se contorcer de prazer e, portanto, se tiver um pingo de juízo, porá de lado este livro e irá pegar um outro.”
Anteriormente, disse a vocês que não tinha gostado da Esmé Squalor logo que ela apareceu na história, por ser uma mulher extremamente gananciosa e egoísta. Esmé, após fugir com Conde Olaf, deixando para trás seu fiel e leal marido, mostrou-se ser o pior ser que existe na face da Terra depois claro do traiçoeiro Conde Olaf.

Ficar sob a tutela dos Squalor, aguentando a tendência out ein, pessoas ricas e insensíveis, uma tutora que só os via como um objeto para elevar seu status, a preocupação com o paradeiro dos trigêmeos Quagmire e o que poderiam estar passando nas garras do Conde Olaf, foi um desastre; talvez o que aliviasse um pouquinho essas dificuldades era o carinho e gentileza dada por Jerome Squalor, mas em matéria de ajuda não serviu em nada para ajudar as crianças. Por mais que suas intenções fossem boas, era um eterno cachorrinho de sua esposa. Porém, tudo isso não é nada comparado ao que vai ocorrer nesta nova desventura.

Dessa vez, o Sr.Poe tem uma pouco de dificuldades em encontrar um novo tutor para as crianças, já que a sucessão de desastres e mortes é conhecida pelos seus parentes mais distantes e muitos recusam-se a receber esse mau agouro que as crianças carregam, como uma última opção são levadas a uma cidade que tem um programa onde órfãos são cuidadas e educadas por todos os cidadãos. Aparentemente parece ser uma boa ideia e melhor escolha para eles, mas ao chegar na cidade de C.S.C. perceberam o grande erro que fizeram…



Ao chegarem em C.S.C., as crianças pensam que foram enganadas, já que tiveram que andar bastante para chegar ao seu destino. Para piorar, a cidade era dominada por corvos, tinham tantos que era quase impossível enxergar algo diante de tantas penas, mas, com um pouco de esforço, conseguem chegar a Prefeitura da cidade e lá conhecem o Conselho dos Anciões, cidadãos que são regidos por tantas regras que é impossível para as crianças tentarem falar algo.

O Conselho dos Anciões e os moradores tentaram tranquilizar as crianças dizendo que sabiam sobre o Conde Omar, não, eu não errei o nome quem errou foi o jornal local chamado O Pundonor Diário, que publica muitas notícias sensacionalistas e incorretas e sobre o Conde Olaf foi uma delas. Se antes provar para as pessoas quem era Conde Olaf era difícil, agora que seu nome está errado será ainda pior. Para complicar a situação dos Baudelaire, descobrem que os cidadãos apenas pensam em transformá-los em empregados domésticos de toda a cidade, achando que assim teriam uma boa educação, o que não era verdade.

Em todos os livros que li até o momento, existe sempre um ou alguns personagens que se simpatizam com os Baudelaire e dessa vez não foi diferente, Hector, o factotum da cidade será que hospedará as crianças em sua casa. No início os órfãos desconfiavam das intenções do homem; seria mais um dos cúmplices do Conde Olaf? Ao decorrer dos dias, porém, percebem o grande coração e carinho que o faz-tudo possui, seu único problema é que não consegue impor-se e sempre acata as decisões dos moradores e do Conselho, mesmo quando odeia.

Se eu achava as regras da Escola Preparatória de Prufrock ridículas e cruéis, as desse livro são tão surreais e inacreditáveis que fiquei realmente impressionada em como as pessoas conseguem viver controladas por regras tão contraditórias. Quando uma diz que não se deve usar nada oriundo dos Corvos, outra diz que só podem usar caneta de pena de Corvo. É uma cidade que tentou ser bem administrada, mas os cidadãos tornaram-se pessoas facilmente manipuláveis, ainda mais em conjunto.

A oficial Luciana é a nova responsável por proteger a cidade e mostra-se uma pessoa extremamente desagradável e desconfiável, sua identidade é um mistério para os Baudelaire mas para nós, leitores, acho que ficou um pouco óbvio de quem seria. Quando um assassinato acontece na cidade, é chamado o famoso detetive Dupin para investigar esse mistério; não fiquei surpresa ao descobrir que era o Conde Olaf novamente disfarçado em trajes extravagantes, chamativos e fingindo ser descolado. Seu novo plano é ainda mais sombrio e cruel do que os anteriores.


Até o momento, as invenções da Violet foram brilhantes e tão simples que só alguém como ela para torná-las tão fáceis aos olhos dos leigos; Klaus, com seu vasto conhecimento, contribui em decifrar palavras difíceis e rebuscadas, poemas dísticos e enigmas; Sunny tem seus quatro dentinhos afiados que são propícios para cortar, quebrar, morder, enganar e esconder em muitas situações. E cada vez mais percebo o quanto essas crianças são tão especiais com suas habilidades.

Mais segredos e mistérios sobre os pais dos Baudelaire são desencadeados nessa nova história infeliz, quando um homem que diz trabalhar para os voluntários e que conhecia seus pais; a grande coincidência com os Quagmire, a incógnita sobre o que é a sigla “C.S.C.” continuam e o grande segredo que Duncan e Isadora descobriram de Olaf permanecem sendo desconhecido.

Equívocos, medos, desassossegos, mentiras, mais injustiças, corvos, regras... essas são as principais palavras que são constantemente encontradas nesse novo episódio da vida dos Baudelaire. A cidade dominada pelos corvos será mais um desagradável e lamentável incidente para ser adicionado à lista de desgraças dessas crianças. Os momentos de alegria e felicidade estão ficando cada vez mais escassos.

Se fosse definir como foi a leitura desse livro, diria que foi tensa e aflita; foram muitas cenas que li em um ritmo frenético e já nem conseguia ligar mais para os avisos finais do Snicket, porque eu estava muito desesperada para ler a desgraça final e fiquei um pouco emocionada e desolada com Violet, Klaus e Sunny.

As histórias vão ficando cada vez mais tristes; mesmo com um ou outro acontecimento feliz em algumas partes, não supera as desgraças e infortúnios que acontecem cada vez mais. Quando Conde Olaf foge de uma forma absurda, acaba deixando consequências de suas maldades para os infelizes Baudelaire.

“Sorrir é algo que você faz quando está entretido em alguma coisa, como ler um bom livro ou observar uma pessoa de quem você não gosta derramar refrigerante de laranja pela roupa toda”. 
É triste demais perceber o mal ganhando do bem, mesmo com Conde Olaf fugindo em todos os livros com seus planos descobertos e destruídos; é impotente e esgotante ver a situação que o desprezível Conde deixou às crianças e é idiota demais tentar pensar que não vou sofrer mais do que já tenho sofrido com os livros anteriores com essa sequência de desventuras. Terminei essa história com o coração apertado e as lágrimas escorrendo devido a grandes emoções que esperam o leitor no final e eu digo para vocês: é melhor não olhar.

Lemony Snicket consegue prender o leitor de uma forma impressionante, mesmo com seus infindáveis avisos e spoilers que dá de seus próprios livros não é bastante eficiente para afastar-nos, pessoas curiosas e sensíveis. A linguagem sarcástica e envolvente que tem ao relatar os terríveis acontecimentos na vida dos Baudelaire é um dos elementos principais de não conseguir largar essa série, mesmo quando ele fica dizendo o significado de muitas palavras difíceis ou expressões pouco conhecidas, motivos que faria alguns desistirem de acompanhar essas histórias, mas para mim teve o efeito contrário, então acho que sou capaz de ler a próxima catástrofe.

Esse livro tem uma das minhas capas favoritas, a Seguinte fez um excelente trabalho com esse exemplar, a tradução do Ricardo Gouveia ficou incrível, a revisão está ótima e a diagramação simples e bonita como nos livros anteriores, e as ilustrações do Brett Helquist estão belíssimas.

“É melhor não olhar, é melhor não olhar. A série que vai destruir sua noite e o seu dia. E a cada cena deprimente causa nostalgia. É melhor não olhar, não olhar…”


Viewing all articles
Browse latest Browse all 1532