Que eu sou fã do Mia Couto não é segredo para ninguém. Minha missão pessoal, agora, é fazer cada um de vocês também desbrave a obra riquíssima desse autor. Por isso, trouxe alguns trechos da obra Sombras da Água para que vocês tenham uma ideia melhor do que esperar. Vamos conferir?
“Ninguém é uma pessoa se não for toda a humanidade” (p. 67).
“Mais do que uma raça, eu pertencia a uma amaldiçoada espécie: era amiga dos brancos. Atirar-me-iam à cara essa condição como se faz aos loucos e aos leprosos” (p. 85).
“Esta é a triste lei do mundo: os que existem pela metade acabam sendo duplamente odiados” (p. 85).
“És um escravo, Manhune. Quem manda em ti não é nenhum rei. É apenas o medo” (p. 121).
“Eis a pobreza do nosso destino: acabamos por ter saudade do tirano anterior” (p. 139).
“Adeus não é uma palavra. É uma ponte feita de silêncios” (p. 157).
“(...) A diferença entre o vivo e o falecido é só um diferente grau de presença. Cuida-se do morto para que ele nunca morra. Estar por cima ou por baixo da terra é um pequeno detalhe. O próprio chão africano é tão vivo que não há defunto que não queira continuar enterrado” (p. 184).
“O que diz da nossa crueldade / não é tanto o que matamos / mas o que nos impedimos de viver” (p. 195).
