Título: Há muito o que contar...aqui
Autor: A. L. Kennedy
ISBN: 9788561977078
Editora: Primavera
Ano: 209
Páginas: 352
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Sinopse:
A história de um homem que foi piloto de um bombardeiro da Força Aérea Britânica durante a Segunda Guerra Mundial. Após a guerra, em 1949, ele participa como figurante num filme em que revive sua experiência de prisioneiro de guerra. Ou seja, por meio da ficção (do filme), Alfred repensa sua realidade, o que acarreta uma autoinvestigação sobre o estrago psicológico que sofreu durante a batalha, por não conseguir se ajustar à perda dos companheiros de tripulação e à distância da mulher amada. Sua vida antes e depois da guerra é caracterizada pela influência do pai violento e da condição social de pertencer à classe operária. A autora usa três diferentes vozes de narradores como um artifício para forçar os leitores a se incluir na narrativa.
Resenha:
Recebi esse livro da editora para resenhar há uns meses. Demorei para finalizar a leitura porque senti dificuldades com o estilo utilizado para diagramar a história. Como já foi dito, tenho um sentimento de puro ódio com livros que não utilizam travessão e os diálogos são entre aspas. Sinto que demorarei um mês para ler e na verdade acabo demorando dois.
Mesmo com esse ponto negativíssimo, o livro possui uma história comovente e de prender totalmente a atenção do leitor – tirando a minha que só ficava chorando com as aspas. Kennedy nos conta a história de um homem que foi prisioneiro de guerra, foi piloto de um bombardeio da Força Aérea Britânica, durante a Segunda Guerra Mundial. Alfred tinha uma das tarefas mais arriscadas durante a guerra: artilheiro da torre de cauda.
Mesmo com a posição tão perigosa, ele sobreviveu à Guerra Mundial, passou por momentos ardilosos. Além de muitas vezes não se deparar com nada para se alimentar, muitas outras ele se deparou com a sua própria vida em risco. Anos se passam e aquele sentimento e imagem ainda permeiam em seu interior, afinal, as pessoas que vão para uma guerra nunca voltam como eram. Sempre existirá algum sentimento forte dentro de si, seja por ver grandes amigos morrerem ou quer seja por matar pessoas que não mereciam.
Após a guerra, em 1949, ele participa como figurante de um filme que relembra a sua experiência como prisioneiro de guerra. Com isso, através da ficção encenada, Alfred repensa a sua realidade e realiza uma investigação sobre o estrago psicológico que sofreu durante a batalha, tanto por ver seus amigos partirem quanto por ficar longe da mulher amada.
A lição que o livro quer nos passar é sobre o processo de mudança que uma guerra pode provocar na vida de um ser humano. Somos moldados por aquilo que vivenciamos e pelas dificuldades encontradas em cada dia de perigo, de choros e de saudades. Qual o benefício que uma guerra proporciona? É difícil essa resposta, eu diria que não há. A consequência dela para quem está no campo de batalhas é algo marcante e eterno. É como se um pedaço dele ficasse por lá e a outra voltasse para casa.
O sentimento sentido ao ler a história de Alfred foi esse e Kennedy soube descrever muito bem isso. Uma pena que os diálogos são feitos por aspas, isso acabou me fazendo demorar na leitura e a lamentar a falta de concentração total na obra. Lamentavelmente isso acontece com muitos leitores, na dúvida, a editora poderia fazer uma votação para saber o que realmente o leitor gosta. Mas não deixe que isso impeça você de mergulhar nessa grande lição de Alfred.