Mulheres de Cinzas(resenha) foi um livro que eu amei. Belo, poético e profundo, tornou-se impossível não se encantar. Exatamente por isso, trouxe mais alguns trechinhos para você.
“São assim os homens, explicou: têm medo das mulheres quando elas falam e mais medo ainda quando ficam caladas. Eu que entendesse: o meu pai era um homem bom. Ele apenas tinha medo de não ser do tamanho dos outros homens” (p. 28).
“Eis a armadilha da glória: quanto maior for a vitória, mais o herói será perseguido e cercado pelo passado. Esse passado devorará o presente. Não importa quantas condecorações recebeu ou venha a receber: a única medalha que, no final, lhe irá sobrar é a triste e fatal solidão” p. 39).
“Sou um homem solitário e com medo. A mãe não entende. Eu só bebo gente. Bebo os sonhos dos outros” (p. 42).
“Ao escutar as suas histórias de África não pude deixar de me perguntar: quem mais, entre os nossos oficiais, tem esse conhecimento dos africanos? Como podemos governar quem tanto desconhecemos? Que exército poderemos vencer se ignoramos quase tudo sobre o nosso inimigo?” (p. 58).
“Sorte a dos que, deixando de ser humanos, se tornam feras. Infelizes os que matam a mando de outros e mais infelizes ainda os que matam sem ser a mando de ninguém. Desgraçados, enfim, os que, depois de matar, se olham ao espelho e ainda acreditam serem pessoas” (p. 61).
“A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres são os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer.Para nós, mulheres, há ainda outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos” (p. 107).